29 de abril de 2008

Momento "Dahhh"

A seguinte situação não se passou comigo - infelizmente.. o que gostava de ter presenciado este momento - mas acho que merece ser partilhada convosco.

Uma amiga num bar:
- Queria um Vodka laranja por favor.
A menina do bar:
- Ah não temos.. Mas olhe, tenho ali sumo de laranja e vodka, o máximo que eu posso fazer é juntá-los..

E juro, palavra de honra, que a história é verídica.

É a isto que chamo música...



Tomem especial atenção às ovelhinhas que aparecem atrás...

26 de abril de 2008

My Blueberry Nights

Gostei. E muito.
Papeis Principais: Jude Law e Norah Jones
Vale a pena, mesmo.

My new addictions...












25 de abril de 2008

Tic-Tac

O tempo está a acabar. Fecho os olhos, na esperança de com isso o parar. Não serve de nada. Esqueço-me do mundo, mas o mundo não se esquece, e contínua a andar. Olho, assustada, os dias no calendário, a passar
(Não és a única.)
Tenho medo, cada vez mais. Assusto-me com o que está (ou não) para vir. Perco-me no meu vazio
(Não estás sozinha)
O tempo aproxima-se da linha final, e depois? A interrogação martela-me a cabeça. Soluções fictícias, consolos que só servem para me desvalorizar. Não entendem.
(Há tantas na mesma situação que tu)
Eu não vejo as soluções. Habituei-me ao vazio. Tenho medo de permanecer no nada.Não me importa o resto do mundo, é a minha vida que carrego.

O fim, tão próximo, e eu sem saber. E depois?

Às vezes penso...

"Se a vida me mandou à merda, porque não hei-de eu manda-la também?"
Deve ser porque sou bem educada.
Mas...Merda para a educação. Merda para a vida.

23 de abril de 2008

20 de abril de 2008

Parei no ontem..

Relembro coisas que vivi, volto a ler livros que já li.. Busco qualquer coisa, ainda não percebi o quê. Busco talvez o momento exacto em que as coisas deixaram de fazer sentido mas a verdade é que..talvez não exista o momento certo. Talvez nunca tenha havido um sentido. Perco-me na procura de um passado curto, esqueço-me do resto. Não existe espaço para mais nada. Não existe espaço para o amanhã. Não consigo seguir além do ontem. Não consigo criar, parei no ontem.

13 de abril de 2008

Nota

Noto agora que os meus textos (posts) estão um bocado grandes. Poupo-vos o trabalho, não é nada filosófico, não é um lamento, não chega a ser um desabafo, são apenas "vómitos de palavras". Coisas que me aconteceram ou apenas pensei. Não tem grande importância, se têm muito que fazer (como acredito que têm), não se dêem ao trabalho, não faz mal. Aos que mesmo assim, resolveram seguir, obrigada.

Partilha..

Uma noite destas quando me deitei para dormir, lembrei-me do primeiro dia que fui à escola. Mais uma noite sem dormir. Enquanto dava voltas na cama, as memórias assaltavam-me a tranquilidade. No primeiro dia de aulas deram-me um desenho para pintar. Pintei todo da mesma cor, lilás. Brincava muito. A professora mandava-me calar muitas vezes, nas reuniões dizia à minha mãe que eu era inteligente mas muito faladora e refilona.

Fecho os olhos, tenho 8 anos e brinco aos power rangers (serei o amarelo?), brinco na terra, dou voltas à escola (tenho praticamente a certeza que sou o amarelo). Numa aula em que não estou atenta a professora manda-me continuar a ler o texto que estavam a ler, continuei do sitio certo e ela disse “a tua sorte é seres inteligente”.

Dizem que as crianças são cruéis. Se calhar até são, quanto a mim, a crueldade fui conhecendo à medida que ia crescendo. Não me lembro de ser infeliz nessa altura. Não me lembro de brincar sozinha no pátio. Dava-me bem com todos. Só me lembro de bons momentos. Se calhar, os maus até existiram, mas num qualquer exercício de esquecimento, recalquei-os. Talvez, mas que mais poderei dizer, na minha escola primária, eu era feliz.

Terá sido depois disso? É provável..a mudança. Tantos professores, diferentes. Tantas pessoas, diferentes. Não me sentia tão confortável ao caminhar nos corredores. No início de cada ano, as primeiras aulas, aquelas em que tudo ainda é novo, assustavam-me. No entanto, talvez nunca ninguém tenha percebido. Conhecia e fazia amigos novos. Os professores (maior parte) gostavam de mim. Sei que dizia disparates que os faziam rir.

De repente, estou numa aula de Francês do 9º ano, a professora, enquanto na sala todos gritam e falam, pergunta-me “então e está tudo bem contigo? De certeza?”. Sim, já passou. Volto um ano atrás, com a mesma professora, numa aula de Português, pede para escrever-mos uma noticia, no lead, sai-me qualquer coisa do género

«Ontem à noite, na rua tal, um bando de brancos atacou um bando de pretos e quem venceu foi um bando de amarelos”.

A professora riu-se, deve ter abanado a cabeça como quem diz “esta miúda não tem emenda”. A mesma professora que no ano antes me deu um dos poucos 5 que tive, porque todos me diziam “vais ter um 4+++++, não tens 5 por causa do comportamento.” E eu ria-me. Sempre gostei de me rir.

Estou agora no 6º ou 7º ano, uma colega problemática tem um arrufo com a professora, vai para a rua. Quando sai a professora, da sua mesa para a minha, diz-me “devias falar com ela, ajuda-la, dar-lhe o exemplo, tu melhor que ninguém sabes como é ser diferente”.

Sabia. Não sabia. Sabia. Não me rio.

Tenho 7 anos e estou na sala de aula

- Quem quer começar a ler?

- Eu, senhora professora.

E leio. Porque lá na minha sala, eu até sou das que lê melhor.

12 de abril de 2008

Momentos fictícios

"Tenho saudades nossas. Passou pouco tempo, eu sei, mas tenho saudades, tantas. Saudades do teu cheiro, ou dos teus cheiros. Dos cheiros da tua casa. Saudades do teu corpo...tantas. Saudades das tua voz. Dos filmes que víamos. Saudades de te ter em minha casa, quando estavas simplesmente no sofá a ler e eu, enquanto fingia estar a dormir, te olhava de esguelha. Tenho saudades de ver o mundo pelos teus olhos. Saudades da rua vista da tua casa.. Das estrelas.. Lembras-te? Quando nos deitávamos com a cabeça na varanda da tua casa e tu, calmamente, me falavas das estrelas, lembras-te? Não me consigo esquecer. Momentos que de tão simples eram quase tudo.

Tantas vezes nos perdemos ali, a olhar para as estrelas, lado a lado, com os nossos corpos entrelaçados. Ás vezes, confesso-te, enquanto falavas eu não tomava muita atenção, não por não ter interesse aquilo que dizias – tudo em ti me interessa – mas simplesmente por haver coisas em ti que me desconcentram. Enquanto falavas, nessas vezes em que me distraía, era a olhar para a tua boca que me perdia. Ver a tua boca mexer enquanto formavas palavras (provavelmente as mais belas do mundo) tornava-te cada vez mais apaixonante e nesses momentos eu não conseguía pensar em mais nada, apenas na tua boca, apenas em beijar-te.

Vendo bem, a minha confissão é essa. A verdade é que eu adorava observar-te quando não sabias. O teu corpo mexe-se de forma diferente quando não sabes que te olham. Os teus olhos mostram outro brilho. A tua boca tem um jeito diferente. Perco-me nas lembranças de ti.. Mas regressemos às estrelas. Tenho a certeza que não te esqueces. Escolhias esses momentos para me dizer as coisas mais importantes. Não me posso esquecer nunca, de num desses momentos, teres-me dito aquilo que há tanto tempo eu já sentia

- Amo-te

Estupidamente, a minha reacção foi apenas uma, corar. Tu sabes, contigo, corava facilmente. E como sempre, também nesse momento não te passei despercebida

- Não acredito que haja alguém no mundo que core tanto como tu, será possível?

- Oh, cala-te. Eu também te amo.

E contínuo a amar, como naquele dia, como em todos os dias desde aí, como já antes te amava. Gostava tanto que fosses capaz de entender isso. De acreditar! Esqueceres os meus erros, os meus medos e simplesmente, voltares a ver as estrelas comigo.

Desperto das minhas recordações quando percebo que não estás aqui, e, dolorosamente, não sei se algum dia vais voltar a estar. Agora, da janela da minha casa, olho as estrelas sozinha. E, todos os dias, olhando as estrelas, ainda que sozinha, eu digo-te

-Amo-te

Talvez um dia, volte a ouvir

-E eu a ti."


Por mim, em "Momentos"

11 de abril de 2008

Não tem importância?

- Peço imensas desculpas.

- Não tem importância.

E sorrio, como quem diz “não se preocupe, você não tem a culpa”. E não tem. Realmente não tem, mas... mas eu também não tenho. Palavra de honra que não tenho. Já pensei em todas as hipóteses donde pudesse vir a minha culpa, mas não, essa culpa não é a minha. Mas sendo assim, de quem é a culpa afinal? Dir-me-ão que não existem culpados. E eu tenho de engolir essa afirmação porque, se calhar, até nem existem. Mas eu quero um culpado, alguém que me possa explicar o porquê.

“Toda a minha vida fingi que não me incomodava, mas afinal, incomoda-me”. Estas palavras, não as disse eu, mas senti-as quando as ouvi. Incomoda-me de cada vez que digo

- Não tem importância

Quando afinal até tem, e mais, incomoda-me que não bastasse isso, ainda tenha de sorrir. Porque claro, a educação assim o exige. O que não sabem, nem você, nem ninguém, é que de cada vez que

- Não tem importância

Uma parte de mim se perde, uma parte de mim se diminui. Imaginem um puzzle, daqueles bem complexos, com milhares peças mínimas. Imaginem essas peças espalhadas por uma vida e vão-me ver. Cada peça ficou num

- Não tem importância

(mesmo que por vezes apenas transmitido num olhar)

E o meu puzzle foi perdendo o sentido. Sou a caixa, quase vazia.

A última vez levaram-me uma peça muito importante (provavelmente) e no regresso à minha fortaleza, vinha quase sem me controlar. Vinha a chorar e só pensava na importância que todas as peças tiveram.

Enquanto me controlava para não chorar no meio da multidão, pensava na vergonha, humilhação. Humilhação essa sempre precedida de um sorriso,

- Não tem importância.

Mas querem saber? Até tem. E já não me apetece sorrir.

10 de abril de 2008

Disfarces

Toda a vida me disfarcei de igual aos outros.
Para quê?
Afinal não me serve de nada!

7 de abril de 2008

Quem é o louco afinal?

“(...) O que é a realidade?

- É o que a maioria achou que devia ser. Não necessariamente o melhor, nem o mais lógico, mas o que se adaptou ao desejo colectivo. Está a ver o que tenho ao pescoço?

- Uma gravata.

- Muito bem. A sua resposta é lógica, coerente com uma pessoa absolutamente normal: uma gravata!

» Um louco, porém, diria que eu tenho ao pescoço um pano colorido, ridículo, inútil, amarrado de uma maneira complicada, que acaba por dificultar os movimentos da cabeça e por exigir um esforço maior para que o ar possa entrar nos pulmões. Se eu me distrair quando estiver perto de um ventilador, posso morrer estrangulado por este pano.

» Se um louco me perguntar para que serve uma gravata, eu terei que responder: absolutamente para nada. Nem mesmo para enfeitar, porque hoje em dia ela tornou-se o símbolo de escravidão, poder, distanciamento. A única utilidade da gravata consiste em chegar a casa e tirá-la, dando a sensação de que estamos livres de alguma coisa que nem sabemos o que é.

» Mas a sensação de alívio justifica a existência da gravata? Não.Mesmo assim, se eu perguntar a um louco e a uma pessoa normal o que é isso, será considerado são aquele que responder: uma gravata. Não importa quem está certo – importa quem tem razão. (...)”

Paulo Coelho em Veronika Decide Morrer

6 de abril de 2008

Assim de repente não estou a ver que título hei-de dar a isto..

Durante muito tempo fui cliente exclusiva da vodafone. Há uns meses, acrescentei à minha vida, a TMN. Ora para quem não sabe, os cartões da tmn vêm já com muitos números, desde o apoio ao cliente, à bolsa, ao desporto.. Um dia enquanto passeava pela minha agenda encontrei um número que vinha acompanhado do seguinte nome “Quem sou eu?”. Desde então tenho-me posto a pensar, mas se eu ligar para lá eles dizem-me quem sou? Será que é assim tão simples? Temos dúvidas existenciais e eles pimba, resolvem num abrir e fechar de olhos? Pus-me a imaginar as conversas e cenários possíveis.

Começava assim:

- Boa tarde, estou a ligar porque gostava de saber quem sou. Sabe, ando há 22 anos nesta vida, nestas preocupações e pensei que talvez vocês por aí me podessem resolver essa questão e poupar-me outros 22 anos.

- Com certeza menina, vamos já tratar disso. Deixe-me só abrir aqui a base de dados... isto demora um bocado, sabe como é, tecnologias..

- É verdade sim senhor, as tecnologias só servem para dar chatices..

- Oh oh.. nem a menina sabe o quanto. Oh diacho. Agora bloqueou, ai a minha vida, deixe-me só reiniciar, às vezes dá-lhe para isso. Peço imensas desculpas.

- Ora essa, entendo perfeitamente.

...

- Pronto já está tudo ok. Vamos lá ver então quem é a menina, é capaz de demorar que a base de dados ainda é grande. Ora.. a menina.. a menina.. não está aqui, aqui também não..hum..ora a menina..

Pior cenário

- então mas.. mas, a menina não tem identidade. Oh meu deus, querem lá ver isto? Apagaram a menina da base de dados? Ou será que a menina é daquelas que existe ao disparate? Ai meu deus, vou já ligar para o técnico, “atenção, temos aqui uma menina sem identidade, que é que eu faço?” caraças.. Desta é que eu não estava à espera, a menina tem a certeza que existe?

- eu penso que sim..quer dizer, às vezes tenho certas dúvidas..mas penso que sim..agora confundiu-me!

- olhe, a menina vá-se beliscar para ver se tem a certeza e depois volte a ligar sim?

Pior cenário (alternativo)

- ai que grande horror! A menina é uma menina sem jeito nenhum! Meu deus, como é possível virem ao mundo meninas destas? A menina não tem vergonha? Devia ter digo-lhe já, o horror de menina que é... jesusssssssss

Cenário que nem aquece nem arrefece

- hum.. ora aqui está a menina. Menina: uma pessoa completamente normal, sem qualquer tipo de interesse. A identidade certa ainda não encontrou.

Cenário espectacular

- xii tenho o dia ganho! Você imagina o prémio que eu vou ganhar? Destas ainda não calhou a ninguém. Você é uma menina que é um espectáculo de menina, sabe? Meninas destas não se vêm por aí ao pontapé. Digo-lhe já, em 40 anos de carreira nunca me aconteceu encontrar uma menina como a menina nesta base de dados. E olhe que eu sou dos melhores colaboradores que por aí anda.. sim senhores, rica menina. Uma menina 5 estrelas! Bem riquinha. Sim senhores, uma menina do melhor que há a nível de meninas.

Será assim? pena ter o meu telemóvel da tmn avariado, porque senão, ligava já. Quem sou eu?

5 de abril de 2008

Perdidamente..

"Quanto mais tempo livre se tem, mais se pensa. Pensar demais traz muitas vezes resultados negativos. Tento ultrapassar isso com as recordações. As boas, aquelas que sabemos que por mais mal que venha ao nosso mundo, nos vão sempre fazer sorrir. Mas as recordações, até mesmo as recordações, podem ser traiçoeiras, e enquanto deambulo pelas lembranças da minha vida, deparo-me com tanta coisa que não entendo. Tantos sentimentos, pensamentos que hoje não consigo entender. Gostava de entender por exemplo, o porquê de, numa altura em que nem sequer colocava hipóteses “alternativas” na minha vida, ter tido uma vez sentimentos tão diferentes. E aceitar isso com uma normalidade natural, como se sempre tivesse sido assim. E no instante seguinte, esquecer completamente para recordar apenas cinco anos depois? Ou o porquê de quando olho para mim, lá no passado, ver uma pessoa irreconhecível? Ver tantas tentativas desesperadas de ser alguém. E continuar, hoje, nessa procura, contínua, de entender quem sou.

Tenho impressão que sempre fui uma alucinada. Uma presença constante em duas vidas paralelas. A real e a imaginária. Já o disse tantas vezes.. mas pensando hoje, num passado tão distante (que foi ontem), há qualquer coisa em mim que me desperta preocupação.

Nunca encontrei um equilíbrio entre o Ser e o querer Ser. Entre o Ser e o Pensar. Entre o Ser e o Sentir. Nunca. Sempre esta dificuldade em me encontrar, porquê?

Se pudesse voltar atrás no tempo, como mera espectadora, ficava sentada a meu lado as 24 horas que fazem o dia, a observar-me. Imagino-me a meu lado, lado a lado, com um bloco na mão, “vamos lá observar essas reacções, essas expressões...”. Talvez assim entendesse. Se pudesse, voltava atrás e entrava na minha cabeça (com o bloco) tentando entender tudo o que pensei, desde sempre. Talvez agora, com algumas das coisas que sei, que aprendi, talvez assim, (me) entendesse.

E talvez (quase como num suponhamos) assim, eu esclarecesse as minhas dúvidas. Sim, dúvidas que permanecem, desde sempre.. Acerca de tudo, acerca de mim. Que sossego pode ter uma pessoa sem se encontrar? Clamo certezas que tenho e ausência de dúvidas. Mentira. Mentira. Dúvidas terei, sempre. Quem sou? O que quero? Para onde quero ir? ... Quem sou? Vivo naquele fio, que separa uns dos outros, sabem, essa linha? Eu estou no meio, só poderei estar.. e assim, nem sou uma nem outra. Não me reconheço. Por ser tão vulgar, não sou igual a ninguém. Sou assim, de uma complexidade simples."

Podes crer..

"(...) Na verdade, o que se diz, normalmente quando estamos chateados, é: a prostituta da vida! Como quem quer dizer, a vida leva-nos dinheiro por este serviço que é viver. A vida deixa-se usar quando nós pensávamos que éramos nós que a usávamos. Ela é que se serve de nós. Ela. E nós ainda por cima – palermas – pagamos. Daí muitas pessoas dizerem que tudo na vida tem um preço. Pois claro que tem. E sabem que mais, não é barato."

Fernando Alvim, mais, Aqui!

3 de abril de 2008