26 de novembro de 2008

Uma vida normal

"Uma vez perguntaram-me como é que eu me sonhava. Se em alguns sonhos ganharia mãos, se as próteses se transformavam em pernas. Não precisei de pensar muito: sonho-me como sou.
Nunca me vi de outra forma e por isso talvez nem tenha sequer imaginação para construir outra imagem. Desde pequenino que sei que sou assim, sei que sou diferente. Gosto de mim como sou."

Paulo Azevedo
Uma Vida Normal

E quem é o Paulo Azevedo? É este.

Quando leio, ouço, ou vejo depoimentos e histórias de vida como a do Paulo, não consigo deixar de me sentir pequena.

23 de novembro de 2008

Rasgo...

"- És um cretino!

Bati a porta e saí. Sabendo no entanto que a cretina era eu. Enganei-o. Enganava-o quando lhe dizia que estava bem com uma relação sem compromissos, enganava-o quando dizia que apesar de gostar dele, não me era assim tão importante. E que sim, que ele até podia ter outra e eu outro que isso nem tinha mal nenhum, e que se sentisse à vontade para seguir a vida dele quando quisesse. Não havia problema.

Mas a verdade é que o amei desde o primeiro dia em que o vi. E desde então ele passou a ser a coisa mais importante da minha vida. Não. Ele passou a ser a minha vida. Mas nunca lho disse. Tal como nunca lhe disse que nunca amei ninguém antes dele, que o nosso primeiro beijo foi como se o meu primeiro. Que os dias não eram mais do que horas à espera dele.

Por tudo isso talvez ele não entenda que quando

- Gostei de estar contigo mas acho que devíamos ficar por aqui…

tudo em mim morreu. O meu coração deve ter parado, ou saltou-me para a boca – nem sei bem. Deixei de ver, de pensar, de ouvir. Os meus olhos cheios de lágrimas e ele

- Não entendo porque estás assim!

e eu, porque sim, porque tu és um cretino. E talvez ele não entenda, nunca vá entender o porquê de o ser mas às tantas até vá acreditar que sim, que é um cretino, quando até nem é. Mas que jeito tinha, eu sair a gritar

- Sou uma grande cretina!?"

21 de novembro de 2008

Um dia...

Um dia talvez deixe de me esforçar por entender as pessoas. Um dia talvez deixe de me irritar com o seu egoísmo. Um dia talvez passe a ser também eu, uma pessoa egoísta.

(e será que já não sou?)

Um dia talvez desista das pessoas. Depois logo se vê.

20 de novembro de 2008

Às vezes....

Às vezes, sem que nada o fizesse prever, uma vontade enorme de desaparecer. De não estar em lado nenhum, esquecer, mas acima de tudo, ser esquecida. Deixar de pertencer, que deixassem de sentir a sua falta. Que não fizessem perguntas. Que não quisessem saber onde está, como está, e quando aquele programa combinado.

Às vezes, sem mais nem menos, a vontade de se perder no meio da multidão. Não ter presente, não ter passado. Não ser ninguém.

Às vezes, sem motivo aparente, uma tristeza tão grande, tão grande, que o coração parece que deixa de existir.

18 de novembro de 2008

Fantasia....

O que é a realidade? Onde começa a fantasia? E para quê responder a estas questões? Porque não juntar ambas? Porque não ter dois mundos? O de fora e o de dentro. Existem coisas que embora nos doam, não conseguimos mudar. Será porque queremos ou por completa incapacidade? Será que às vezes apesar de nos doer muito, não fazemos nada para que deixe de nos doer? Pode doer mas não me tira o sono, então continuemos com a dor. Será que está nas nossas mãos deixar de doer?

E aquilo que nos dói mas que mesmo se quisermos, que façamos algo para deixar de doer, não deixa nunca? O que fazer? É legítimo habituarmo-nos à dor? É legítimo fugirmos dela substituindo-a pela fantasia?

Quem sou eu e em que mundo estou? Às vezes esqueço-me, às vezes não estou em lado nenhum. Às tantas o sonho ocupa-me todo o tempo, e com jeito, ainda me esqueço da dor. Dor que nunca desaparece.

Sei que não és real, que não existes sequer, mas por agora, és tudo o que preciso.

17 de novembro de 2008

Hmpft!

Que dia mais aborrecido...parece que até as rádios estão em dia mau...
Oh...

13 de novembro de 2008

Viver!

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito e do trabalho, repetindo todos os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam o brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeções, sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando esta infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não tentando um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar. Estejamos vivos, então!

Pablo Neruda

Três coisas!

Primeira: Covinhas queridinhas nas bochechinhas. Adoro! Mas é que adoro mesmo! Desde menina piquena, que eu há coisa que gosto é covinhas queridinhas nas bochechinhas. Delicioso! Um sorriso com covinhas é como um dia de sol. Sexy e queridinho!

Isto já vem do tempo dos Backstreet Boys, havia um - ainda há, coitado - que era - é portanto - o Brian. E o Brian qualquer coisa, tinha covinhas nas bochechas, e eu gostava muito do Brian por esse exacto motivo. Desde aí o meu gosto mudou, apurou-se. É mais requintado, diga-mos assim. Mas as covinhas...as covinhas queridinhas nas bochechinhas, contínuam a ser meu delírio! Tanto que até me fazem suspirar...ai covinhas queridinhas...ai ai...

Segundo ponto, adoro ver o Herman José todos os dias na Roda da Sorte! 45 minutos de descompensação total! O que me farto de rir... Haja coisas que nos fazem passar bons momentos...

E as covinhas queridinhas nas bochechas...

Por último, cheguei a uma conclusão, não sou feliz. Ou não estou feliz, não sei bem que verbo usar, mas a verdade é que neste momento não o sou, mas hei-de voltar a ser. E um dia até divago aqui sobre a minha não felicidade, mas a conclusão a que cheguei foi que apesar de não ser feliz, sou certamente muito mais bem disposta que muitos daqueles que se dizem felizes. E esta hein?

12 de novembro de 2008

Despertar

Enquanto isso caminho anestesiada
(espero o momento em que sorris)
a vida pesa mais do que o normal, os passos levam o dobro do tempo mas em mim qualquer coisa nasceu e eu caminho com um sorriso leve.
(sei que é para mim que sorris)
No meu olhar tudo está ausente, não fixo nada porque estou presa no futuro
(beijas-me com o teu sorriso)
onde acredito que algo vai acontecer. Distancio-me da realidade, virei-lhe as costas, agora quero a vida fantasiada, aquela em que tu apareces.
(quero-te, queres-me, pertenco-te)
Depois? Depois não há mais nada. O que tinha de haver eras tu, era eu. Fixamo-nos no único momento que interessa.

11 de novembro de 2008

No metro...10 minutos depois!

Hoje cheguei ao metro 10 minutos mais tarde que a hora habitual, o que senti foi que a festa já tinha acontecido e terminado por aquelas bandas!

Hã?!

Eu explico! Normalmente vou na hora da enchente, são tantas as pessoas que mexer os bracinhos é quase impensável. Hoje, apenas com a diferença de 10 minutos, havia espaço para os braços, para as pernas e com jeito ainda se jogavam ali uns jogos! Gostei tanto da experiência que estou a pensar repeti-la todos os dias...

Oh, espaço no metro...é como água no deserto!

Nisto...sorrio por instantes...

E nisto tenho 19 anos outra vez e espero ansiosa por uma vida imaginária onde me beijas - tu que em tantas caras te escondes - e sou feliz.
Nisto não saio de casa outra vez para poder sonhar.
Nisto volto a acordar às 4h da manhã esperando que qualquer coisa aconteça.
Nisto volto-me a ver claramente e até já sei o que quero.
Nisto sei que quero o que tu - o que vocês - têm.
Nisto volto a estar ansiosa por alguma coisa. Nisto sei que não penso em mais nada, apenas nisso que nem sequer existe mas que me deixa uma felicidade leve e estranha.
Nisto volto a sonhar. Neste instante, já não importa que nunca aconteça, sinto-me bem em apenas sonhar.

O que vejo é o que quero. Nisto tenho19 anos outra vez e as dúvidas dissiparam-se.

7 de novembro de 2008

Horas perdidas...

Quantas vezes? Minutos que já são horas, que chegam a ser dias… Um tempo perdido numa infinita espera. E espero. Acrescento mais horas perdidas, e a perda vai crescendo. O tempo gasto à espera, quanto será? E entretanto os dias já não são dias, são horas que se contabilizam pelas esperas. E enquanto isso eu sento-me, invariavelmente, numa ou outra cadeira, à espera. E a espera é infinita. E porquê? Nada justifica. Nada pode justificar. Nada, nem deste mundo, ou de outro, não há nada que justifique as horas perdidas à espera. E eu sentada, numa ou outra cadeira, já não sou nada, sou transparente, e os meus olhos são vazios. E os meus olhos prendem-se na minha ausência. Na minha espera. Chamam-me e eu vou, sorrio porque a cordialidade assim o exige. E eu não sinto nada, a não ser uma parte de mim retirada. E eu não sou nada, apenas tempo à espera. Porque eu, eu já não sou eu, eu sou as horas, os minutos, perdidos, naquela espera.

E para quê? Se a única certeza que tenho, é que nunca vai ficar tudo bem!

3 de novembro de 2008

Isso de ser quem sou...

O existencialismo. Isso de procurarmos o nosso “Eu”, de sabermos quem somos. Utópico, apenas. Uma procura sem fim. Somos o que somos, não nos podemos limitar a uma definição. Interrogo-me muitas vezes acerca de mim, do que sinto, das minhas ideologias. Procuro posicionar-me nalgum lado, como se fosse obrigatório sermos apenas uma coisa. Não sou, cada vez vejo mais que não estou num só lado. Estou em toda a parte.

Desde sempre que nos ensinam, que nos obrigam a tomar partidos, a fazer escolhas. Ensinam-nos a diferença, falam-nos de normalidade. Normalidade que não existe, diferença que nos identifica. Não são permitidas ambiguidades. Obrigam-nos a ter uma opinião concreta sobre tudo e seguirmos o mesmo padrão em todos os pensamentos, porque senão, somos incoerentes. Obrigam-nos a sentir a mesma coisa desde que nascemos, ate morrermos, porque senão somos confusos.

Impõe-nos limites, rótulos, um caminho de um só sentido. Destroem-nos assim, a nossa identidade e a possibilidade de uma alma tranquila.

Eu? Estou em todo o lado. Recuso a posicionar-me num sítio específico. Aquilo que penso hoje, pode não ser o mesmo que penso amanhã. Não sou confusa, sou apenas uma pessoa que se permite sentir, indiscriminadamente, sentir. Quem sou? Apenas o meu nome, o resto invento.

1 de novembro de 2008

A troco de quê?

Fazes nascer em mim o que de pior existe. Fazes crescer em mim uma raiva como julgo impossível sentir. Fazes sentir em mim um ódio de morte. E depois? Depois digo tudo, o que devo e não devo. E são comigo que ficam as palavras que digo, sabes? E de cada vez que me fazes dizer algo pior, será mais uma vez que não durmo por me julgar uma pessoa pior. E depois? Depois às vezes fazes-me ter vontade de morrer, porque a vida não pode ser isto. Porque não aguento muito mais. Há quanto tempo?


A troco de quê?

De cada vez que tento me levantar, algo me empurra para baixo. A história da minha vida.