12 de abril de 2008

Momentos fictícios

"Tenho saudades nossas. Passou pouco tempo, eu sei, mas tenho saudades, tantas. Saudades do teu cheiro, ou dos teus cheiros. Dos cheiros da tua casa. Saudades do teu corpo...tantas. Saudades das tua voz. Dos filmes que víamos. Saudades de te ter em minha casa, quando estavas simplesmente no sofá a ler e eu, enquanto fingia estar a dormir, te olhava de esguelha. Tenho saudades de ver o mundo pelos teus olhos. Saudades da rua vista da tua casa.. Das estrelas.. Lembras-te? Quando nos deitávamos com a cabeça na varanda da tua casa e tu, calmamente, me falavas das estrelas, lembras-te? Não me consigo esquecer. Momentos que de tão simples eram quase tudo.

Tantas vezes nos perdemos ali, a olhar para as estrelas, lado a lado, com os nossos corpos entrelaçados. Ás vezes, confesso-te, enquanto falavas eu não tomava muita atenção, não por não ter interesse aquilo que dizias – tudo em ti me interessa – mas simplesmente por haver coisas em ti que me desconcentram. Enquanto falavas, nessas vezes em que me distraía, era a olhar para a tua boca que me perdia. Ver a tua boca mexer enquanto formavas palavras (provavelmente as mais belas do mundo) tornava-te cada vez mais apaixonante e nesses momentos eu não conseguía pensar em mais nada, apenas na tua boca, apenas em beijar-te.

Vendo bem, a minha confissão é essa. A verdade é que eu adorava observar-te quando não sabias. O teu corpo mexe-se de forma diferente quando não sabes que te olham. Os teus olhos mostram outro brilho. A tua boca tem um jeito diferente. Perco-me nas lembranças de ti.. Mas regressemos às estrelas. Tenho a certeza que não te esqueces. Escolhias esses momentos para me dizer as coisas mais importantes. Não me posso esquecer nunca, de num desses momentos, teres-me dito aquilo que há tanto tempo eu já sentia

- Amo-te

Estupidamente, a minha reacção foi apenas uma, corar. Tu sabes, contigo, corava facilmente. E como sempre, também nesse momento não te passei despercebida

- Não acredito que haja alguém no mundo que core tanto como tu, será possível?

- Oh, cala-te. Eu também te amo.

E contínuo a amar, como naquele dia, como em todos os dias desde aí, como já antes te amava. Gostava tanto que fosses capaz de entender isso. De acreditar! Esqueceres os meus erros, os meus medos e simplesmente, voltares a ver as estrelas comigo.

Desperto das minhas recordações quando percebo que não estás aqui, e, dolorosamente, não sei se algum dia vais voltar a estar. Agora, da janela da minha casa, olho as estrelas sozinha. E, todos os dias, olhando as estrelas, ainda que sozinha, eu digo-te

-Amo-te

Talvez um dia, volte a ouvir

-E eu a ti."


Por mim, em "Momentos"

1 comentário:

Anónimo disse...

Ha-d voltar... Ha-de voltar...

Por mais anos k paxem... O k tem de ser será..