11 de abril de 2008

Não tem importância?

- Peço imensas desculpas.

- Não tem importância.

E sorrio, como quem diz “não se preocupe, você não tem a culpa”. E não tem. Realmente não tem, mas... mas eu também não tenho. Palavra de honra que não tenho. Já pensei em todas as hipóteses donde pudesse vir a minha culpa, mas não, essa culpa não é a minha. Mas sendo assim, de quem é a culpa afinal? Dir-me-ão que não existem culpados. E eu tenho de engolir essa afirmação porque, se calhar, até nem existem. Mas eu quero um culpado, alguém que me possa explicar o porquê.

“Toda a minha vida fingi que não me incomodava, mas afinal, incomoda-me”. Estas palavras, não as disse eu, mas senti-as quando as ouvi. Incomoda-me de cada vez que digo

- Não tem importância

Quando afinal até tem, e mais, incomoda-me que não bastasse isso, ainda tenha de sorrir. Porque claro, a educação assim o exige. O que não sabem, nem você, nem ninguém, é que de cada vez que

- Não tem importância

Uma parte de mim se perde, uma parte de mim se diminui. Imaginem um puzzle, daqueles bem complexos, com milhares peças mínimas. Imaginem essas peças espalhadas por uma vida e vão-me ver. Cada peça ficou num

- Não tem importância

(mesmo que por vezes apenas transmitido num olhar)

E o meu puzzle foi perdendo o sentido. Sou a caixa, quase vazia.

A última vez levaram-me uma peça muito importante (provavelmente) e no regresso à minha fortaleza, vinha quase sem me controlar. Vinha a chorar e só pensava na importância que todas as peças tiveram.

Enquanto me controlava para não chorar no meio da multidão, pensava na vergonha, humilhação. Humilhação essa sempre precedida de um sorriso,

- Não tem importância.

Mas querem saber? Até tem. E já não me apetece sorrir.

1 comentário:

*alma de poderosa* disse...

n percebi.
td a gent pede dsc a td a gent..